terça-feira, 22 de outubro de 2013

Fui.
Fui com a vontade de ficar.
Fui e deixei o relógio parado, sem pilhas; a luminária comprada em agosto, com indecisão de qual seria, sendo que no fundo, não importaria. Eu sempre quis testá-la, mas sempre quis que partisse de você. Eu, às vezes, até achei que você me faria uma surpresa. Eu chegaria e você teria colocado uma lâmpada nela. Parece pouca coisa, mas, eu ficaria feliz.
Deixei bilhetes que ainda não foram encontrados e que talvez nunca sejam.
Deixei um cachorrinho no qual me mordia muito, mas, às vezes, dançávamos uma dança estranha. Eu corria prum lado e ele pra o outro, numa dança-brincadeira e, depois, toda arranhada, eu corria pra cama.
Deixei uma escova de dentes, fotos, saudade, vontade.
Eu deixei tanta coisa. Espero que as lembranças não me matem.
Talvez eu não tenha deixado transparecer, mas fiquei feliz, muito feliz, muito muito feliz quando vi o quadro, que fiz pra você, na sua parede.
Acho que te deixei com o lado esquerdo da cama. Não consigo te imaginar do lado direito. E não só deixei, como peguei muitas coisas.
Deixei uma toalha vermelha. Deixei o que restou de uma frase na sua lousa. Olhando direitinho, ainda dá pra ler o trecho de "nosso estranho amor".
Eu, que disse que não saberia como seriam os meus sábados sem tua companhia, respondo hoje:
serão cheios de saudade.

Um comentário:

  1. Bom dia, Maria. Emocionante triste!
    A separação não tem como não deixar marcas, nos mínimos detalhes ela se faz presente, quem sofremos somos nós quando lembramos em demasia.
    O consolo, é que com o tempo, essas lembranças ficarão mais amenas.
    Muito bom, cada detalhe expresso aqui.
    Beijos na alma e lindo dia de paz!

    ResponderExcluir