sexta-feira, 31 de maio de 2013

Doses

Eu queria tomar uma dose de esquecimento
e esquecer todo esse sofrimento

Eu queria tomar uma dose de amor
para que ele fosse maior
do que toda essa dor

Eu quero tomar uma dose de nós dois
para mostrarmos pra essa tal de dor
que uma dose nossa, é uma dose de amor
e que ela, vá pro cantinho e que fique lá
caladinha e encolhidinha, como merece ficar.

Ressaca (I)moral

Acordei como se estivesse bebido ontem -o dia inteiro.
Acordei com ressaca, com a boca seca, ansiando por água. E lembrei que tu ontem fostes como uma bebida pra mim, inebriante, e deixasse-me chapada. Deixasse-me como aqueles bêbados que dormem no meio de uma conversa e que quando acordam, pensam logo: "onde eu estou?".
Às vezes eu acho que me perdi -de mim.

(Mas, tudo isso logo passa quando eu te sinto)
[Só espero que não seja um ciclo eterno]

Coração teimoso

Meu coração
já não quer mais
saber de baião
ele entrou
num ritmo constante
de solidão.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Cova

Enxergar o que convém
é cavar a própria cova
é matar o amor
de outrem

Saber da fraqueza do outro
e não fazer nada pra fortalece-lo
é deixa-lo para morrer

Vê-lo falar suas fraquezas e defeitos
e você enxergar só os defeitos
é esquarteja-lo

Matar
Assassinar
Esquartejar

Vamos matar
o que só nos convém
Vamos assassinar
o nosso egoísmo
Vamos esquartejar
o que de mal sentimos.


sábado, 25 de maio de 2013

Porto Seguro

Meu bem
Um pouco de tristeza não faz mal a ninguém
Mas, pra quê colecionar tantas mágoas
Se na hora de partir não existe porém?
A vida é correnteza que vai -não vem
Escolhi ser jangada, d'um rio que deságua no mar
E sem querer, deixei-me levar
Pra me perder em todo azul e desbravar
Mas, se a tempestade que criamos continuar
Não vou negar
Sua imagem será como um farol e me guiará
Até um porto, onde eu possa me ancorar.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Soneto a Maria

Maria, minha amiga
Finalmente aparecestes, Maria 
Já espero de outras vidas
Vosso afago de energias

Os bons ventos substanciam
O Tempero vivo da amizade
Gosto bom de simplicidade
Na boca amiga, se harmonizam

Tens a força de mil mares
Que dentro de ti corre
Abrilhante seus olhos, repares!

O quanto és, sempre será
Mesmo em dúvida encontrará
Muita luz, em quaisquer lugares!


Jean Michel (setembro-2012)

quarta-feira, 22 de maio de 2013

(M)eu

Naquelas semanas de fevereiro, eu me prendia num emaranhado de incertezas; até que você veio e mudou tudo. 
Dentre tamanha instabilidade, você veio pra me estabilizar. Você veio sambando na cara de todos os caras que já conheci na vida. Você veio como quem diz: eu vim. E vim pra ficar.
Eu gostei logo de você, assim, de cara. Expus os meus receios, medos, falhas. Despi-me de qualquer imagem erroneamente criada ao meu respeito. Nenhuma vaidade, nenhum personagem, apenas e somente eu, desde o primeiro instante, desde a primeira palavra. E no meio de toda agitação desses nossos mundinhos, entrelaçamos os dedos, unimos os nossos mundos e hoje estamos juntos.
Algumas coisas me mudaram, infelizmente; me deixaram amarga, fria. Todo e qualquer relacionamento que eu entro, vou despida, vou crua, sendo moldada pelas coisas ao meu redor. Esse é o meu mecanismo de defesa. Infelizmente, eu não tenho o poder de escolher se vai ser melhor, ou pior. 
Desde o começo, eu disse que queria algo leve, que não desse trabalho e que eu não precisasse me preocupar... e, então, as coisas foram se encaminhando justamente pro lado contrário, assim como eu.
Mas é a isso que estamos sujeitos quando entramos num relacionamento, assim, sem medo, não é? A gente se joga de cabeça e não se importa, porque sabemos que o momento não-tão-bom é só uma fase. Sabemos que a fase não-tão-boa logo vai passar e vamos passar por cima disso tudo, juntos. Ora, me diga, qual graça teria se entrássemos molhando só as pontinhas dos pés? É como se fossemos nos esconder atrás de uma máscara, como se não mostrássemos quem somos de verdade com medo de assustar o outro. Meu amor, ainda bem que não somos assim. 

Eu quero viver, sabe? Quero me arriscar mesmo. 

Abrir-se de verdade a alguém é estar sujeito a tudo; coisas boas e ruins. É, também, passar por cima das coisas ruins, várias e várias vezes. É dizer que mudou e cometer o mesmo erro e ver o outro passar na cara. Amor, também, é perder as estribeiras e a classe. É fazer as pazes daquele modo que não restam dúvidas que é amor o que a gente sente. E que o resto... ora, o resto a gente passa por cima.
Entrar num relacionamento é estar a mercê de uma cabeça com outras ideias, outros ideais, outros valores, anseios, sonhos, expectativas. O tempo vai moldando a gente e tudo vai se ajeitando.

Eu te amo tanto, sabe? Não menti quando falei que tu és o homem da minha vida. Porque tu és. Nesse momento, é contigo que eu quero ter uma família. É contigo que eu planejo todas as breguices clichês que o amor nos faz planejar.

Eu sou louca por esse teu jeitinho doce. Esse jeitinho que quebra as minhas pernas. Esse teu jeitinho, de estar com raiva e se importar comigo. De estar puto e me dar um abraço na frente de todo mundo... não um abraço qualquer; aquele abraço que nos faz tirar os pés do chão; aquele abraço que nos sentimos conectados com o outro.

Acredito que poucas pessoas tenham conhecido essa minha transparência... até porque, poucas pessoas saberiam lidar. E tu sabe direitinho como lidar comigo, né? Tu tem uma paciência que eu não teria. E te agradeço, porque se estamos juntos, é por causa dessa tua calmaria.


Minha maior alegria, nesse momento é poder vincular o teu nome a um pronome possessivo -e saber, que tu fazes o mesmo. Porque, meu amor, somos de nós dois e de mais ninguém. 

(Só falta a gente aceitar isso).

sábado, 18 de maio de 2013

Hámor


O amor é um caso sério

É um sentimento tão bonito e simples... ficaria melhor se:
as pessoas descomplicassem mais
se importassem menos
agradecessem mais
se declarassem mais -e isso é uma indireta pra mim.

O amor é livre. O amor é leve. O amor, às vezes, pode até ser breve.

Amor é você perdoar algo que achava imperdoável, é crescer junto, é se moldar, ajudar o outro, ficar ao lado.
Amor é ficar em silêncio, é fazer barulho, é esconder bilhetes, ganhar músicas. É brigar. É fazer as pazes. É brigar e fazer as pazes.
Amor é fazer surpresas. É acordar de madrugada com uma mensagem e ter um sorriso roubado. É acordar olhando pra'quela foto num porta-retrato.
Amor é apaziguar uma briga ao perceber que não vale a pena. É cultivar sorrisos. É pedir desculpas. É cometer bullying.
Amor é ter uma música tema pro romance. É ter uma música que você não suporta ouvir. É ter uma pessoa que você não suporta ouvir o nome -orapois!
Amor é ter ciume às vezes. É ir à praia e deitar na areia olhando pro céu. É dar formas as nuvens. É ter histórias. É ter dor de barriga.
Amor é ter saudade -mesmo estando junto. Amor é ouvir o outro brigar e faze-lo rir.
Amor é vestir camisas do namorado -e ter uma preferida.
Amor é dançar no meio da rua. É levar chuva. É dançar no meio da rua, levando chuva.
Amor é dar beliscão, morder, arroxar, deixar chupão.
Amor é arranhar, é maltratar -de uma forma boa. É puxar o cabelo.
Amor é pedir água e vê-lo ir buscar -sem reclamar.
Amor é ser alérgica a ar condicionado e vê-lo abdicar do direito de usar, só pra você não gripar.
Amor é cantarolar uma música sem saber a letra. É rir da cara do outro. É vê-lo rindo da nossa cara.
Amor é adormecer no colo, acordar num susto e falar "oxe, eu não tava aqui não" "e tu tava aonde?" "não sei, mas eu não tava aqui não" e, depois, morrer de rir.
Amor é abraçar, apertar, esmagar. É encher a cara, é ser carregada desmaiada.
Amor, também, é dizer que não quer ver o outro nunca mais -mas, apenas dizer, porque no fundo, a gente sabe que sem o amor, é mais difícil de viver.
Amor é fazer um post na linha do tempo dele, levar apenas uma curtida, depois de seis dias. Fazer birra e mentalizar dizendo que nunca mais vai postar lá de novo -e poucos dias depois, tá lá postando algo e o ciclo se repete.
Amor é indicar um álbum e o outro ouvir, mesmo sem gostar.
Amor é agarrar na frente dos amigos.
Amor é beijar sem se importar com fulanos, ciclanos e beltranos.
Amor é não ter vergonha de declarar-se virtualmente -porque teus amigos vão te achar um bobo.
Amor é dar um carinho quando não se espera. É acalmar os nervos quando tem razão pra explodir. É pedir pra o outro ficar, quando o mesmo tem razões pra ir.
Amor é ser fiel. É ser leal. É ser honesto.
É dizer algo comprometedor, e arcar com as consequências. É fazer algo comprometedor e arcar com as consequências. É acontecer o inverso... fazer bem muita birra, e, depois, dizer que "tudo bem".
Amor é fazer planos. É falar do futuro, se referir a algo e dizer "quando o NOSSO..."
Amor é fazer o possível pra que o outro fique bem.
Amor, é, às vezes sentir dor. Ora, qual graça teria se não tivesse?
Amor é, numa chuva, pensar o quão bom seria se o outro estivesse ali, juntinho da gente.
Amor é dizer que ama; num sorriso, num olhar, num gesto, num silêncio.
Amor é soltar pum e não ficar constrangido -longe disso.
Amor é lembrar do mêsversário.
Amor é ter empatia. É ter altruísmo.

Amor é ser paciente, é cuidar, zelar. É admitir quando estiver errado. É irritar e se arrepender. Errar e aprender.

O amor é tanta coisa e tão pouca coisa ao mesmo tempo. E quando o sentimos, tudo tende a tornar-se mais suportável e, principalmente, mais bonito.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

(quase) 1 mês depois

-nada mudou

[19 de abril]

você, tão doce
eu, amarga
você, tão paciente
eu, quero tudo pra ontem

você, norte
eu, leste
você, terra
eu, água

eu, humanas
você, exatas
eu, artes
você, números

você, o calor
eu, a frieza
você, o controle
eu, a explosão

você, meu nego
eu, tua nega

você, ímpar
eu, par
nós, pares

duas pessoas
um meio termo
um ímpeto de amor

*

Esse menino é um caso sério 
enche minha boca de prosas 
poesias -vontades- e versos.

*

Feliz Aniversário, meu menino.

[Tipo agora -eu poderia dizer o verdadeiro significado dessa frase pra gente... mas, quero assim; nosso contexto, nossas entrelinhas. E, eu digo e repito: tipo agora]

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Esses dois

Essa menina tá feliz
acho que vai alcançar o que sempre quis
fazer as pazes com o seu amor
e parar de criar tanta dor

Essa menina tá um caso sério
hoje, brincou com sentimentos
emoções, e ainda, de fazer versos

Essa menina tá apaixonada
encantada pelo o menino
que a ama até de cara borrada
-e emburrada

Essa menina encontrou a paz
busca amá-lo, aceitá-lo
á-los e mais á-los

E, digo mais
[ela consegue
porque esse menino
haha, vocês não o conhecem

O menino encanta
Tem um sorriso que benzadeus
Além disso, ele canta
músicas, que pra mim
ele deu

Além desse olhar
que mostra um sorriso
que, eu te digo
lá eu vejo o paraíso



amar muito
incondicionalmente
condicionada
a você
amar
seus defeitos
qualidades
trejeitos
eu quero
teus beijos
cair
sem olhar
pular
esgueirar-me
errar
acertar
desculpas
pedir
te dar
um aperto
meu nego
eu (te) quero
do primeiro
ao último
verso
e por todo o resto
lá fora, tu estás
na minha cabeça
a sua cabeça
dentro
(d)e nós.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Como posso me sentir bem ao ver a felicidade de quem me deixou triste?
Eu não me entendo.
Eu estava com tanta raiva, tão triste (com toda a razão do mundo) e esqueci de tudo quando eu cedi a nós dois. E eu tenho medo disso -é um golpe baixo comigo.

Quando não se tem caderno e lápis/caneta à disposição quando queremos escrever, improvisamos.
Usei o celular -no ônibus.
(Isso foi o que eu li pra você).

13 de maio
10h48

Sabe quando acontece uma coisa contigo, que mexe com o teu ego -da pior forma possível?
Que faz com que tu se sinta um lixo? (daqueles bem podres, guardado num saco rasgado há mais de uma semana; aquele que quando você vai jogar fora, vê que tá vazando e fica um cheiro imundo).
Eu poderia usar vários termos, mas, dói mais ainda quando eu percebo que cai certinho em como eu me sinto.
Tem situações e situações. Acho que as que mexem com o ego são as piores que tem -principalmente quando a gente não espera e está tudo bem.
O pior de tudo é que eu sei que chorar aliviaria um pouquinho, mas, quem disse que eu consigo? O meu eu-orgulhoso está me dominando. Estou ficando amarga. Eu era tão doce -comparando com hoje- e, agora, quase nada me importa. Estou no modo robô, faço as coisas e nem percebo -do tipo deixar o celular dentro da geladeira. Estou no modo automático, vivendo tudo sem emoção, vivendo sem perceber.
Tudo bem, a música que você fez ontem foi um golpe baixo, mas, só mexeu comigo naquela hora. Hoje, eu não sinto nada. Não sinto vontade de te ver -sinto vontade de fazer sexo, mas, nem é essa vontade toda.
Eu não consigo encontrar o caminho de volta pras minhas emoções (quando eu voltei pra casa, no sábado, peguei um atalho pra elas; encontrei emoções que duram 5, 10 minutos e que depois passam).
Eu me perdi de mim.
Você vai achar que estou dando mais importância do que vale... mas, meu bem, ego é um bicho danado -principalmente se você costuma brincar com ele.
Eu não consigo dizer que eu te amo, porque eu não consigo sentir isso. Na hora de pegar o atalho de volta pra casa, eu devo ter trocado tudo.

Eu queria sentir alguma coisa, além de nada.

-

Depois de escrever isso, fomos nos ver. E eu, disse isso tudo pra você. Na verdade, não era eu, sabemos disso. Não consegui derramar lágrimas, eu lembro a sensação... era vazio, sombrio.
Você com sua cara chorosa, na hora, não me doeu, não me atingiu, não mexeu comigo; nada mexia.
Tu pediu um abraço, eu não queria.
Nisso, eu (realmente eu) lutava pra tentar expulsar aquela outra Gabi -a Gabi anestesiada, que não sentia nada- e me esforçava; te beijava, abraçava (quer dizer, ficava em cima de você com teus braços em volta das minhas costas, minhas mãos estavam jogadas) mas, meu bem, eu ainda não sentia nada - até que uma onda de desejo invadiu o meu corpo, e essa onda suplicava por ti, por nós dois. E eu cedi -cedemos, sedentos.
Depois, fui tomar um banho, não por me sentir suja. Eu me sentia estranha. Ainda estava numa guerra e queria que a gabi-super-orgulhosa-sem emoções descesse pelo ralo. E boa parte dela desceu.
Enquanto eu tomava banho, você tocava pra mim e isso foi me amolecendo e amolecendo e amolecendo.
Como de costume, eu disse que queria escrever pra você, já era o 11º bilhete, mas, aquele eu não queria esconder.

Enquanto eu escrevia, você começou a tocar a música que fez ontem. Eu a ouvi pela primeira vez.. e, finalmente, lágrimas disputavam corrida em meu rosto. Podia me sentir ali, eu sabia que estava ali. E continuei escrevendo, com todo o meu amor.

Espero nunca esquecer a tua reação ao ler o bilhete e perceber que eu estava ali. Espero nunca esquecer a tua sensação de alívio, de alegria. 
Espero nunca esquecer aquele teu sorriso. 
Espero nunca esquecer de como você me abraçou e de como eu podia sentir a tua felicidade, a nossa felicidade. 

Eu estava ali, e nós dois pudemos sentir -da maneira mais pura, mais real.

Sabe o que eu também espero nunca esquecer?
De quando deitamos e pegasse a minha mão, colocando-a em teu peito... entre uma respiração e outra, você disse: olha como tu me deixa.

Ah, meu nego, tu acende os meus -mais- íntimos desejos...

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Antídoto

Ó, doutor... no dia em que eu estiver à beira da morte;
chame-o, pois ele faz o meu coração bater mais forte.

Itálico e negrito

Esse menino
me vira do avesso
mostra-me o inverso
do verso

E eu, cada vez mais

me apego

Esse menino

rouba-me os sentidos
tira-me a razão
expulsa qualquer indicio
de solidão

Esse menino

faz a minha alma gemer
e suplicar
pelo nosso prazer

Ah, esse menino
Além de encher-me a boca 
de prosa, poesia
-vontades- e versos
ele também me tira do sério

Esse menino...

vou contar pra vocês
acertei o gatilho
quando o encontrei.
Ah, meu amor
só tu consegues
me deixar assim

Só tu consegues
expulsar essa dor

Só tu consegues
me matar
-de amor.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Diálogo parte I

Maria chamou Gabrielle para conversar. As duas deveriam parar com o atentado de homicídio -do jeito que estava, uma iria morrer.

As duas pararam e começaram a lembrar de antes, de quando eram uma só e lembraram de como idealizavam o amor.

Elas -que no caso era ela- idealizavam um amor assim: simples e leve.
Maria Gabrielle nunca pensou em príncipes de contos de fadas, nem nada muito glamouroso. Ela pensava em dar o seu coração a um cara que gostasse de bichos e que quisesse viver no campo.
Vou assumir a identidade, já que falar na terceira pessoa é chato.

Eu sempre quis um amor que me tomasse o fôlego num só golpe. Que deixasse as minhas pernas bambas. Que me revirasse, me deixasse pelo avesso. Que me desmontasse e depois, montasse de novo. Que depois de uma briga, quando eu tivesse indo embora, puxasse a minha mão e me desse um beijo, mesmo que depois me deixasse ir. Que deixasse as borboletas do meu estômago loucas, cegas, sem saber para onde irem!

Aquele amor que dá um nó na garganta; que dá vontade de gritar... aquele grito que ia fazer a cabeça doer, que ia tirar o ar. O grito engasgado. O grito que nas entrelinhas traria súplicas de amor. Que faria o resto do mundo me chamar de louca. Pouco me importava.

Aquele amor que deitasse comigo, me abrigasse em seu peito -como num encaixe perfeito- e ficasse ali, alisando o meu cabelo. Não precisaria dizer nada, sabe? Que só ficasse ali. Como num gesto de "ei, eu estou aqui por você, por nós dois. E não preciso mais de nada". Porque é a sensação que eu tenho.

Eu me pergunto se finalmente o encontrei. Mas, aí é que está...


Maria Gabrielle virou Maria e Gabrielle depois que o tempo foi passando. E as duas não se suportam.

Eu só preciso de alguém que tome conta de mim. Que não me faça sentir frágil ou menor que ninguém.
Às vezes eu me sinto tão pequena, sabe? - disse Maria.

Eu não tenho um corpo que faça as pessoas pensarem "NOSSA, U-A-U" e fico triste em saber que a maioria dos homens sentem atração só em ver uma gostosa. Mesmo estando namorando. -disseram as duas.

Ó, tudo isso é tão complicado. Às vezes eu queria pular logo fora do barco. -disse Gabrielle

Então, as duas formaram um diálogo.

- O que você quer, Maria? Tô cansada de você. Dessa sua ingenuidade.
- Eu só queria que tudo ficasse bem. Que eu conseguisse ver isso como uma coisa normal.
- Coisa normal? Maria... passamos por isso, você lembra? Fazíamos o segundo ano. Nos sentíamos atraída pelo cara de nome estranho. Mas aí é que está... o meu -ou melhor- o nosso namoro não estava bem. Você lembra. Estava desgastado demais.
- Tava tudo tão bem, sabe, Gabi? (e Maria com essa incrível mania de tornar íntimo todo mundo que dá-lhe o mínimo de atenção). Antes, estávamos falando sobre a dimensão do nosso amor. O que faríamos se cada um soubesse o tamanho do amor que um sente pelo outro...
- Sua boba. Temos opiniões diferentes, mas lembre-se que eu continuo com você. E sei de tudo o que acontece.
- Sim, mas, deixe-me continuar. E ele disse "se tu soubesse o quanto que eu te amo, tu vinha morar comigo!" E eu fiquei tão feliz. Tão tão! Ele falou muitas coisas! Eu disse que não queria esquecer. E ele disse pra eu anotar. Mas, olha... eu acho que eu bloqueei, sabe? Lembro apenas de algumas partes.
- Acho que devemos entrar num consenso. Pela sanidade da Maria Gabrielle.
- Sim... então, o que você sugere?
- É que dói tanto, Maria. É egoísmo meu me sentir mal por isso? Sabe, ontem chegou numa hora que se fosse possível esquecê-lo, eu o esqueceria. Que nem em Brilho eterno de uma mente sem lembranças. Mas, a vontade logo passou. Sei lá, a nossa história, apesar de tudo, é tão bonita. Olha só, já estou me derretendo! Quem faz isso é você! Fica aí, toda breguinha e cafona quando está amando. E estou do mesmo jeito, blé.
- Você às vezes é tão amarga. Pode, por um minuto lembrar que somos uma só, apesar de tudo?
- Voltando... Doeu tanto, ainda dói. É que eu tinha acabado de, finalmente, me livrar de um fantasma, sabe? Tava tudo bem. Nem lembrava mais. Estava feliz! Sentia que podia curtir 100% o nosso amor sem me preocupar com nada! Tava tudo tão bem!
- Eu sei... aí veio isso agora. Eu também fico muito mal.
- ... Sinto como se sempre tivesse algo. Como se toda as vezes que eu ficar bem por algo, outra coisa vai acontecer. Sinto como se todas as vezes que eu for me livrar de um fantasma, outro vai aparecer. E a vontade que eu tenho, Maria... é de pular do barco. Sinto que estou lutando contra a correnteza. Sei que você sente muita vontade de continuar navegando. Eu também sinto, mas eu tenho medo. E dá vontade de pular do barco enquanto estamos na beirada.
- Beirada? Nhenhem. A bichinha. Desculpe a ironia, Gabi. Mas você mereceu. Estamos pra lá de longe! Tem muita coisa envolvida, menina!
- A bichinha.. a bichinha de você. Eu peguei um bote, posso muito bem pular e me salvar.
- Mas... e eu?
- Você? Quem mandou ser besta e só pensar no amor? Ah... Maria, temos que ter sempre uma carta na manga. Você foi besta. Está aí, toda envolvida. Toda entregue a um amor que está entregue a outras oportunidades.
- BASTA. Você não sabe o que está falando! Ele disse que atração é diferente de estar apaixonado...
- Preciso falar de novo do nosso segundo ano? Você lembra como é sentir-se atraída por outra pessoa que não seja o seu namorado?
- Lembro. E você não deveria ter me lembrando...
- Pois pronto! Não seja besta. Sentir-se atraído por alguém, que não seja seu namorada/ado é uma linha tênue para estar apaixonado.
- É que eu queria tanto que ele só sentisse atração por nós duas.
- Eu também, sabe? Mas não é assim. Não é, não é! Você lembra como ele ressaltou o quão linda ela é? Ele nunca falou de nós duas assim.
- Você é uma víbora, Gabrielle.
- Estou mentindo?

E Maria se calou.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Martírio

Tudo perde o sentido 
quando amar passa a ser um martírio.

Ele perguntou:

- Você sente atração por outro alguém?
E ela, convicta, disse:
- Não!!!! Só você!
Então, ela retrucou.
[Sabia que a resposta era
"você"
Mas, tadinha, errou]
Ele, confuso, falou:
- Acho que sim.

Queria ser inerte a essa dor.


Sou três em uma

Duas que se esfaqueiam
e uma que sangra.

Matou, mas, infelizmente não foi de amor.