quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Tem você em tudo em que eu acredito, no que é bonito e enche o olhar.
Tem você no que eu faço e no que eu não digo. 
Tem você em cada esquina, cada abrigo.
Tem você em todo ônibus, avião e metrô.
Tem você na cabeça, nos olhos, nos calafrios e no coração.
Tem você no beija-flor e em quase todas as flores que aparecem no meu caminho -só não as que têm espinhos-
Tem você nas conchas do mar e nos balões quem vêm dentro do algodão doce.
Tem você na estrada, nas árvores e nos bosques.
Tem você confuso e tem você carinhoso, me chamando até por apelido bobo.
Até nos cinemas tem você! E prolonga-se até os créditos. 
Toda pipoca, sendo doce ou salgada, tem o teu gosto.
Todo ping-pong e todo bong. Todo conto, filme e história.
Tem você de Brecht a Marx e Walter Benjamin.
Tem você do branco à cor carmin.
Tem você nas estantes e a todo instante tem saudade.
Tem você em Plutão, Netuno e em Marte.
Tem você em Marisa Monte, Caetano e Chico Buarque.
Tem você onde não tem cabimento e até onde não cabe.
Tem você nos pandeiros, flautas e violas. 
Tem você em Raul, Cazuza e Cartola.
Tem você em todo passarinho e, principalmente, em todo ninho. 
Sabiá, rouxinol e bem-te-vi. 
Tem você em Gil, Buhr e Jeneci.
Tem você em todo recital, reunião e teatro.
Tem você em toda cosquinha, toda mordida, todo abraço.
Tem você em todo cordel sobre o cangaço.
Tem você em toda discografia, sabores e fotografias. 
Tem você presente em toda poesia.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Tua pele morena
confunde-se com a minha
que pede pra te ver
fora da tela
e te pintar de poesia
alisar o teu cabelo
lamber teus seios
e fazer carícias

Menina da pele morena
tua pele quero acariciar
tua boca quero beijar
e tuas pernas quero entrelaçar

Mas, se tu me negas
não tem problema
ainda tem esse poema
que eu posso guardar
e lendo-o novamente
posso imaginar
que um dia
minha
tu serás.

domingo, 24 de agosto de 2014

Abraçados
braços dados
pés entrelaçados
lençol compartilhado
beijo dado
afago e tragos
chupões e orgasmos
caetano cantando
o sol se pondo
e eu te fitando.

Todos os dias
vejo uma multidão
de cidadãos
que juntos com a alienação
andam com suas roupas engomadas
e pré-determinadas.

Seguem à risca
todos os mandatos 
egoístas, nada empáticos
dos parasitas que enganam e sugam
não só vossas forças de trabalho
e enriquecem com a mais-valia
valendo-se da nossa essência primitiva
de sonhar.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sinto-me pesada, como uma caixa d'água que não para de vazar e vai transbordando pelos olhos.
Essa inconstância, essa tpm, esse sentimento de "nem vais, nem vem" tá me deixando doida.
Essa sensação de estar sozinha, também. Porque a impressão que dá é que a única pessoa que ta se importando é a única que eu não quero contar. E eu desconto em tu, só pra depois tu vir falar comigo, me chamando daquele apelido fofo pra eu me sentir mais culpada e mais pesada ainda.
Sinto-me só. Pior... sinto-me só numa multidão.
Queria sentar com um desconhecido e contar a minha vida, mesmo que, no final, ele só consentisse. Queria tirar todo esse peso das minhas costas, queria sanar todas as minhas dúvidas, ou, pelo menos, queria saber se tudo isso vai me levar a algum lugar bom.
Essa inconstância me mata. Essa tpm me mata. Esse teus olhinhos me matam, também.
Queria que alguém me ouvisse e não só escutasse.
Estou caindo num abismo infinito, onde tudo é escuro e frio; pior, é vazio.